Encontro reafirma compromisso do Instituto com a diversidade e reforça a necessidade de respeito ao movimento trans, promovendo cidadania entre mulheres e homens transexuais.
O Instituto Leônidas & Maria Deane (ILMD/ Fiocruz Amazônia) promove no dia (28/1), às 9h, o “Encontro Amazonense de Visibilidade Trans – Direito e Respeito: Uma questão de saúde”, em alusão ao mês em que é comemorado o Dia Nacional da Visibilidade Trans (29/1). O evento reforça a necessidade de respeito ao movimento trans e a importância da promoção de cidadania entre mulheres e homens travestis e transexuais.
Em atendimento às normas sanitárias vigentes, o evento ocorrerá virtualmente e terá transmissão feita pelo canal da Associação dos Servidores da Fundação Oswaldo Cruz – Sindicato Nacional (Asfoc-SN), no YouTube. A atividade reafirma o compromisso do Instituto com a diversidade, como um valor fundamental ao conceito ampliado de saúde, em consonância com as ações e diretrizes do Comitê de Pró-Equidade de Gênero e Raça, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).
O evento terá mediação de Adele Benzaken, diretora do ILMD/ Fiocruz Amazônia e, contará com as palestras “Vida familiar, social e profissional de uma pessoa trans: da invisibilidade ao protagonismo”, a ser ministrada por Jacqueline Côrtes, ativista em vários movimentos sociais Aids e LGBTQIA+ ; “PrEP: caminhos, desafios e estimativas”, a ser proferida por Biancka Fernandes, pesquisadora no Instituto Nacional de Infectologia (INI-Fiocruz), além de atuar no Comitê Pró-Equidade de Gênero e Raça da Fiocruz, trabalhando com pesquisa clínica, informações e prevenção ao HIV-Aids, realizando jornadas formativas na Fiocruz.
“A finalidade do encontro, como já indica o próprio nome, é dar visibilidade a essa parcela da população, ainda hoje vulnerabilizada pela sua condição, e valorizar a data, 29 de janeiro, criada em 2004 como forma de exigir respeito, vez e voz a essas pessoas, ainda hoje vítimas de discriminação e crimes de ódios”, explica Adele Benzaken.
Na oportunidade, a pesquisadora Rita Suely Bacuri, tecnologista em Saúde Pública do ILMD/Fiocruz Amazônia, apresentará os resultados do projeto TransOdara – “Estudo de prevalência da sífilis e outras ISTs entre travestis e mulheres transexuais no Brasil: cuidado e prevenção – Um olhar sobre Manaus”. Durante a programação, serão lançados vídeos que são resultado do projeto, protagonizados por mulheres transexuais, participantes da pesquisa.
SOBRE O PROJETO
Trata-se de um estudo transversal com abordagem quantitativa e qualitativa, realizado entre os anos de 2019 e 2020, nas capitais das cinco macrorregiões do Brasil: São Paulo (SP – região Sudeste), Campo Grande (MS – região Centro-Oeste), Manaus (AM – região Norte), Porto Alegre (RS – região Sul) e Salvador (BA – região Nordeste).
Com o objetivo de construir uma rede de pesquisa, para verificar a prevalência de sífilis e de outras Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs), além de compreender os significados atribuídos a essas doenças em travestis e mulheres trans (TrMT), o projeto é fruto da parceria entre o governo do Amazonas, Universidade do Estado do Amazonas (UEA), Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e a Santa Casa de Misericórdia de São Paulo.
Em Manaus, o TransOdara foi realizado no ambulatório de Diversidade Sexual da unidade de saúde Policlínica Codajás, localizada no bairro Cachoeirinha, zona Sul, e ultrapassou a meta inicial de atendimento. Foram oferecidos os serviços de consulta médica, exames ginecológicos, ultrassonografia, mamografia, exames laboratoriais, vacinas e testagem para o vírus HIV e outras ISTs, todos de maneira gratuita.
“O projeto TransOdara, possibilitou o desenvolvimento de uma política pública de saúde, voltada para essa parcela da população, com ações de diagnóstico e tratamento humanizado para mais de 300 mulheres trans em Manaus. Na oportunidade do encontro, faremos um apanhado sobre esse trabalho e lançaremos uma série de vídeos com depoimentos de mulheres trans sobre suas vidas e sobre os direitos à saúde”, ressalta a diretora da Fiocruz Amazônia, Adele Benzaken.
DIA NACIONAL DA VISIBILIDADE TRANS
O dia 29/1, no Brasil, é uma data destinada a promover reflexão e conscientização a respeito da cidadania de pessoas trans. Desde 2004, o Dia da Visibilidade Trans integra o calendário brasileiro. A data rememora o lançamento oficial da campanha “Travesti e Respeito”, que ficou marcado pela entrada de 27 travestis e transexuais no Congresso Nacional.
A campanha “Travesti e Respeito” visava reforçar atitudes de inclusão social a esse segmento da população, buscando conscientizar escolas, serviços de saúde e a comunidade em geral sobre vulnerabilidade implicada a essa população pelo preconceito e pela violência. A iniciativa foi elaborada em conjunto pelo Ministério da Saúde e por importantes lideranças do movimento trans da época, como Fernanda Benvenutty, Jovana Baby, Kátia Tapety e Keila Simpson.
O termo trans corresponde à letra T da sigla LGBTQIA+, abrangendo as pessoas transexuais (homens e mulheres trans), travestis e não-binárias (que não se reconhecem como homens e nem como mulheres, e sim num lugar intermediário entre gêneros).
Fotos – Ingrid Anne / Divulgação – ILMD/ Fiocruz Amazônia