O deputado estadual Ricardo Nicolau (Solidariedade) disse que o governo do Amazonas destina mais de R$ 20 milhões por ano no tratamento de mulheres diagnosticadas com câncer do colo uterino, quando poderia reforçar os investimentos em ações de prevenção da doença e economizar pelo menos 100 vezes mais recursos públicos, considerando o mesmo período.
De acordo com a Fundação Centro de Controle de Oncologia do Estado do Amazonas (FCecon), as conizações (procedimento de retirada das lesões que podem virar câncer) custam apenas R$ 300 reais por paciente. Portanto, tendo em vista que 700 mulheres são diagnosticadas com a doença por ano no Amazonas, esse valor anual chegaria a R$ 210 mil. A estimativa de casos é do Instituto Nacional do Câncer (Inca).
“Será que é mais negócio o governo gastar com tratamento ou com a prevenção do câncer do colo do útero? A Fundação Cecon gasta cerca de R$ 20 milhões, ao ano, no tratamento completo das pacientes acometidas e, ainda sim, conseguimos ser o Estado que mais tem mortes pela doença do Brasil”, ressalta o parlamentar.
No ano passado, 271 mulheres morreram no Amazonas, vítimas do câncer de colo uterino, conforme dados da Fundação de Vigilância em Saúde do Amazonas – Dra. Rosemary Costa Pinto (FVS-RCP). Também em 2021, Ricardo Nicolau destinou R$ 3,2 milhões para a construção e equipagem do Centro Avançado de Prevenção do Câncer do Colo do Útero do Amazonas (Cepcolu). A unidade será um anexo da FCecon.
“Ao conhecer o projeto do Cepcolu, encabeçado pela Dra. Mônica Bandeira de Melo, vimos que o custo do procedimento de conização, que ajuda a prevenir que a doença se desenvolva, é disparadamente mais em conta e cumpre o papel essencial de salvar a vida das mulheres amazonenses. Sem dúvidas, o governo precisa entender que a prevenção é o melhor a se fazer e, graças ao Cepcolu, será possível mudarmos, radicalmente, o prognóstico do câncer de colo de útero no Amazonas e fazer com o que o nosso estado não lidere mais o ranking de mortes pela doença. A prevenção salva vidas”, ressalta.
Prevenção salva vidas
Só para exames ginecológicos preventivos, Ricardo Nicolau destinou, neste ano, mais R$ 4,6 milhões para todos os 62 municípios do interior do estado. “Nós fizemos emendas este ano para que as prefeituras façam os exames preventivos e assim identifiquem as lesões pré-cancerígenas. Já destinei mais da metade de minhas emendas da saúde para o enfrentamento do câncer do colo do útero, que apesar de ser 100% evitável, é o que mais mata mulheres no Amazonas”, aponta.
A doença é causada por uma infecção por tipos oncogênicos do Papiloma Vírus Humano (HPV). A prevenção primária está relacionada à diminuição do risco de contágio.
A transmissão ocorre por via sexual e o uso de preservativos (camisinha masculina ou feminina) durante a relação sexual com penetração protege parcialmente do contágio pelo HPV, que também pode ocorrer pelo contato com a pele da vulva, região perineal, perianal e bolsa escrotal.
O Ministério da Saúde implementou no calendário vacinal, em 2014, a vacina tetravalente contra o HPV para meninas de 9 a 13 anos. A partir de 2017, o Ministério estendeu a vacina para meninas de 9 a 14 anos e meninos de 11 a 14 anos. Essa vacina protege contra os tipos 6 de HPV.
A vacinação e a realização do exame preventivo (Papanicolau) se complementam como ações de prevenção desse tipo de câncer.
Foto: Marcelo Cadilhe