Entre os imigrantes dos Ucrânianos que fizeram uma grande contribuição ao nosso país, figura o nome de Noel Nutels (1913-1973).
Em um depoimento à CPI do índio, em pleno regime militar em dezembro de 1968, o médico fez o seguinte desabafo:
“A essa hora alguém está matando um índio. É a cobiça da terra, é a cobiça do subsolo, é a cobiça das riquezas naturais. É um vício de estrutura econômica. Enquanto terra for mercadoria e objeto de especulação vai se matar índio. A quem interessa o crime?”.
Nutels é um personagem da saúde pública brasileira que notabilizou-se por rechaçar a naturalização do genocídio dos povos indígenas no Brasil.
Judeu expulso de sua terra pela violência dos pogroms russos, Nutels que nasceu na cidade de Ananiev (na época Rússia, hoje Ucrânia) em 24 de abril de 1913. Em 1920, sua família mudou-se para o Recife (PE) e, pouco depois, para o interior de Alagoas (na cidade de São José da Laje), onde o futuro médico concluiu o ensino básico.
Voltou para Pernambuco, em Garanhuns, para concluir sua formação escolar em um colégio católico e formou-se em Medicina em 1936, na Faculdade de Medicina do Recife, onde especializou-se em tuberculose, uma das doenças que mais vitimaram pessoas pobres no Brasil nesse período.
Ele não se limitou a “fazer a América”, expressão em geral usada para se referir aos imigrantes europeus que desejavam fazer fortuna nos trópicos, no início do século XX. Preferiu engajar-se na causa social pela medicina.
A saúde indígena foi a sua escolha, com destaque para a prevenção da tuberculose entre os povos originários do país, do Mato Grosso à Amazônia.
Avesso à burocracia e aos luxos comuns ao exercício da medicina no período em que viveu, Noel Nutels se embrenhou na floresta e no sertão para defender as populações indígenas e caboclas além da tuberculose ele contribuiu no combate contra as doenças tropicais como a malária, leshimaniose, que ameaçavam a própria sobrevivência desses povos.
Em um entrevista definiu-se: “Noel Nutels, médico de saúde pública, eu não clinico, não tenho consultório. Fazia malária e agora faço tuberculose. Mania principal: índio”.
Nutels, juntamente com os irmãos Villas-Bôas, o Marechal Rondon e o antropólogo Darcy Ribeiro, entre outros, idealizou e tornou possível a criação do Parque Indígena do Xingu considerada a maior e uma das mais conhecidas reservas indígenas do mundo.
Via: A História esquecida
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