O assédio moral nem sempre está diretamente ligado ao tratamento de gestores, chefes ou colegas de trabalho com determinados funcionários. Ele pode estar “disfarçado” em políticas e práticas de gestão do órgão público ou da empresa. Trata-se do “assédio moral institucional”, que é aquele em que a própria organização incentiva ou tolera condutas inapropriadas de assédio contra uma determinada categoria.
Foto: Divulgação / BLITZ AMAZÔNICO
De acordo com o Tribunal Superior do Trabalho (TST), nos casos de assédio moral institucional, a própria pessoa jurídica é autora da agressão ao permitir que seus gestores excedam os limites do poder diretivo, adotando modelos de gestão por injúria e criando uma cultura organizacional de humilhação e controle.
Na visão de Marlon Bernardo, Presidente do Sindicato dos Servidores do Ministério Público – SINDSEMP/AM, esse tipo de comportamento é mais difícil de ser identificado até mesmo pelas vítimas dele. “O assédio moral institucional não é tão fácil de ser identificado, pois ele não é personalizado e nem específico. Porém, se aplicarmos uma análise sobre as práticas de gestão, é possível determinar perfeitamente se existe uma política de equidade de tratamento ou de discriminação contra grupos profissionais dentro do órgão ou empresa”.
Pensando em atuar contra essa prática, o SINDSEMP/AM vai lançar a campanha “Isso não é Normal, é Assédio Moral”, que busca sensibilizar e criar meios de prevenção contra essa conduta abusiva não somente entre os servidores do órgão, mas como meio de informação para os trabalhadores em geral.
Ainda de acordo com Marlon, um dos principais fatores que impulsionam o assédio moral institucional é justamente o despreparo profissional e emocional dos gestores, uma vez que líderes desqualificados são grandes propulsores de distorções gerenciais que, se não combatidas, tornam-se prática comum e cultural. Dessa forma, os órgãos e as empresas devem corrigir suas políticas e decisões, rever regulamentos e estabelecer um tratamento igualitário entre as categorias profissionais para criar um ambiente de trabalho justo e baseado no respeito.
Marlon Bernardo também destaca que “a disseminação de uma cultura discriminatória nas instituições leva a uma série de consequências prejudiciais: exposição negativa do nome do órgão, aumento dos afastamentos por licenças médicas, alta rotatividade interna, custos com processos disciplinares, acirramento e rivalidade entre as categorias profissionais, desmotivação e perda do senso de pertencimento”.
Na visão do SINDSEMP-AM, as instituições devem possuir uma política de gestão de pessoas, estabelecer programas de desenvolvimento de liderança, oferecer treinamentos de gestão de equipes e de comunicação não violenta, aplicar pesquisas de clima organizacional, promover ações de integração e adotar práticas de cultura de paz e de relações humanas.