A Justiça do Amazonas mandou soltar Caio Claudino de Souza, suspeito de assassinar a servidora do Tribunal Regional do Trabalho (TRT), Silvanilde Ferreira, encontrada morta dentro do seu apartamento, na Ponta Negra, em maio de 2022. A decisão foi proferida nesta segunda-feira (3), pela desembargadora Mirza Telma.
Na decisão, a magistrada condicionou a liberdade de Caio à aplicação de medidas cautelares, como a necessidade de usar tornozeleira eletrônica e de não poder sair de Manaus sem autorização da justiça. Caso ele descumpra, poderá voltar à cadeia.
Silvanilde foi assassinada no dia 21 de maio, dentro do próprio apartamento, localizado em uma área nobre da capital. Caio Claudino foi preso no dia 31, dez dias depois. Inicialmente, ele confessou o homicídio.
No dia da prisão, a Polícia Civil afirmou que o agente de portaria estava sob efeito de drogas e matou por dinheiro. Logo depois, a defesa do suspeito disse que ele queria mudar sua versão sobre os fatos e nega ter matado a vítima.
A defesa de Caio afirmou que desde a instauração da Ação Penal não consegue ter acesso às provas que apontem que o suspeito tenha, de fato, cometido o crime.
“Está sendo cerceado o direito dele de ter acesso às provas produzidas. A defesa não teve esse acesso. Não há como fazer uma defesa técnica de alguém que foi imputado um crime, mas que não pode ter acesso às provas e se defender corretamente. Já são dez meses sem ter acesso às provas, que já deveriam estar nos autos do processo”, disse o advogado Sérgio Samarone Gomes.
Caso Silvanilde
Silvanilde foi encontrada em uma poça de sangue no chão da sala de casa com perfurações de faca no abdômen e as marcas no pescoço. A perícia realizada encontrou marcas de estrangulamento no corpo da mulher.Caio foi preso dias depois do crime e chegou a confessar o assassinato, mas 10 dias depois voltou atrás e alegou nunca ter estado no apartamento de Silvanilde.
No primeiro depoimento, ele afirmou que havia matado a servidora para roubar objetos de valor a fim de comprar drogas.
Em nota divulgada pela filha da vítima, Stephanie Veiga, a família lamentou com revolta a decisão: “Recebi na data de hoje, uma notícia inaceitável e é com extrema tristeza e indignação a notícia de que fora concedida a liberdade ao assassino da minha mãe.
Em sua decisão, a Desembargadora alega que o assassino está preso há mais de 10 meses e esse excesso de prazo seria motivo para colocá-lo em liberdade, porém, creio que fora levada a erro pela defesa do acusado, uma vez que o processo só não tem andado em razão dos inúmeros pedidos feitos por esta, alegando não ter como apresentar a resposta à acusação em razão de diligências imprescindíveis. Como podem eles mesmos atrasarem o processo e isso ser argumento para colocar o assassino em liberdade? Onde está de fato a justiça?
Ele praticou um crime bárbaro, por motivo vil – subtrair bens da minha mãe de forma tão cruel – e não pode de nenhuma forma ser considerado alguém apto a estar em liberdade, transitando em meio a pessoas de bem, como se não tivesse cometido um crime hediondo.
Não consigo aceitar como justa uma decisão que deixa à solta uma pessoa considerada um assassino, colocando em risco a vida de outras pessoas inocentes e de bem que agem dentro da lei, assim como a minha mãe que sofreu tamanha crueldade de forma indefesa”.