Blitz Amazônico
Saúde

SENADO BUSCA AMPLIAR APOIO À AMAMENTAÇÃO COM BASE EM MODELO DO COFEN

A Sala de Apoio às Mulheres Trabalhadoras que amamentam (SAMTA) do Conselho Federal de Enfermagem (Cofen) foi visitada, na última quinta-feira (22), pela enfermeira do Senado Sarah Buckley. O objetivo da visita foi conhecer o espaço, que é certificado pelo Ministério da Saúde, e implementar adequações no Senado. “O Senado já possui uma sala de amamentação e queremos adequá-la às normas técnicas da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e às orientações do Ministério da Saúde”, disse Sarah.

Buckley foi recebida pela Câmara Técnica de Enfermagem em Saúde do Neonato e da Criança do Cofen, junto com conselheiros federais e trabalhadoras lactantes. Ivone Amazonas, coordenadora da câmara técnica e idealizadora do espaço, destacou as adequações feitas na sala, que incluem a instalação de pia, poltrona de amamentação, freezer e climatizador. “A prioridade é garantir o conforto da mulher e também a segurança na coleta e armazenamento”, afirmou Ivone. Ela explicou que as salas de amamentação não devem conter trocadores, que são instalados em banheiros próximos para evitar contaminação.

O leite coletado é armazenado em frascos esterilizados e guardado no freezer. Ao final do expediente, a trabalhadora pode levar o leite para casa em bolsas térmicas, garantindo que o bebê seja alimentado na ausência da mãe. “Muitas mulheres param de amamentar precocemente quando retornam ao trabalho”, explicou Ivone, especialista em amamentação. Ela ressaltou que o retorno ao trabalho é um momento crítico para o desmame precoce, que pode ocorrer antes dos 2 anos de idade.

Ivone destacou o apoio do Banco de Leite Humano do Distrito Federal, referência nacional, que colaborou na implementação da sala. Atualmente, o Brasil conta com 227 bancos de leite e 240 postos de coleta. Além de orientar a instalação das salas, os Bancos de Leite Humano (BLH) oferecem treinamento para órgãos públicos e empresas privadas que desejam aderir à iniciativa.

COMO ABRIR UMA SALA DE APOIO ÀS MULHERES TRABALHADORAS QUE AMAMENTAM

As salas de apoio são espaços dentro de órgãos públicos e empresas onde as mulheres podem esvaziar as mamas com conforto e privacidade. Estes locais não exigem uma estrutura complexa, mas devem contar com uma pia para higienização, poltrona de amamentação e freezer para o armazenamento do leite. “A poltrona ou cadeira de amamentação deve ter tecido impermeável, facilitando a higienização”, explica Ivone Amazonas.

O Ministério da Saúde recomenda que o espaço tenha pelo menos uma poltrona de amamentação ou cadeira de coleta para cada 400 trabalhadoras entre 18 e 49 anos. As orientações detalhadas podem ser encontradas no Guia para Implementação, publicado pelo Ministério da Saúde.

AMAMENTAÇÃO TERÁ ESPAÇO EXCLUSIVO NO 26º CBCENF

A criação de salas de amamentação mudou a percepção dos Conselhos de Enfermagem sobre o aleitamento materno em diferentes espaços. A 26ª edição do Congresso Brasileiro dos Conselhos de Enfermagem (CBCENF) contará com um espaço exclusivo para amamentação, onde congressistas poderão esclarecer dúvidas, receber informações sobre técnicas de amamentação e obter apoio emocional. “É desencorajador para uma profissional ter que esvaziar as mamas nos banheiros, como já aconteceu no passado”, relatou a conselheira federal Betânia Santos.

AGOSTO DOURADO

Durante o Agosto Dourado, os Conselhos de Enfermagem estão destacando a importância do aleitamento materno, especialmente em situações adversas. Com o tema “Onde faltam perspectivas, o leite humano nutre o futuro”, a campanha deste ano integra uma iniciativa da Aliança Mundial para Ação em Aleitamento Materno (WABA). “O tema deste ano ressalta a importância de reduzir desigualdades para garantir a amamentação em cenários vulneráveis”, explicou Ivone.

LEGISLAÇÃO E PROTEÇÃO À AMAMENTAÇÃO

A amamentação exclusiva em bebês menores de 6 meses aumentou mais de 1.500% entre 1986 e 2020, passando de 2,9% para 45%, segundo o Estudo Nacional de Alimentação e Nutrição Infantil (ENANI). A redução da mortalidade infantil nesse período está associada à ampliação da rede de atenção básica, vacinação e amamentação. Essa mudança cultural é resultado de políticas de apoio à amamentação e da regulamentação rigorosa da comercialização de alimentos para lactentes.

*Normativas que protegem a amamentação no Brasil:*

– Portaria MS nº 2051/2001: Estabelece critérios para a Norma Brasileira de Comercialização de Alimentos para Lactentes.

– Resolução RDC nº 221/2002: Regulamento Técnico sobre chupetas, bicos e mamadeiras.

– Resolução RDC nº 222/2002: Regulamento Técnico para Promoção Comercial dos Alimentos para Lactentes.

– Lei nº 11.265/2006: Regulamenta a comercialização de alimentos para lactentes e produtos correlatos.

– Decreto nº 9.579/2018: Consolida atos normativos sobre lactentes, crianças e adolescentes, incluindo proteção aos direitos dessas populações.

Fonte: Ascom/Cofen – Clara Fagundes

Post Relacionado

Piso da enfermagem: entidades apontam risco de hospitais demitirem

Redator

Autoridades de saúde do Brasil ficam em alerta após avanço de Hepatite infantil na Europa

Shayenne

No Dia Estadual dos Heróis da Saúde, coral presta homenagem no Hospital Delphina Aziz

Patrick