A Prefeitura de Manaus, por meio da Secretaria Municipal de Saúde (Semsa), promoveu, na manhã desta terça-feira, 23/1, ação de saúde na comunidade indígena Waikiru, no bairro Tarumã (zona Oeste). Coordenada pela equipe itinerante da Unidade Básica de Saúde (UBS) Lindalva Damasceno, a programação incluiu consultas médicas, consultas de enfermagem e vacinação, além das ações da campanha Janeiro Roxo, de prevenção e controle da hanseníase, com oferta de exame dermatológico.
De acordo com a enfermeira Mayara Silva Veloso, que atua na equipe de saúde itinerante da UBS, a ação na comunidade indígena ocorre mensalmente com a oferta de serviços para a prevenção de doenças e promoção da saúde.
“O objetivo é melhorar a qualidade de vida dos moradores. Este mês, por causa do Janeiro Roxo, também intensificamos a oferta do exame dermatológico como forma de diagnosticar, de forma precoce, possíveis casos de hanseníase. Mas é um trabalho realizado durante todo o ano, buscando identificar casos suspeitos e realizar o diagnóstico precocemente”, informou a enfermeira.
Atualmente, a equipe itinerante da UBS Lindalva Damasceno, que atende outras comunidades no bairro Tarumã, acompanha dois pacientes diagnosticados com hanseníase. Como a hanseníase é uma doença infecciosa crônica, causada pelo Mycobacterium leprae, que pode ser transmitida de uma pessoa infectada para uma pessoa sadia, por meio de gotículas de saliva eliminadas na fala, tosse ou espirro, a equipe de saúde também acompanha os contatos dos pacientes, que são as pessoas que tiveram contato próximo e prolongado com a pessoa com diagnóstico positivo, como é o caso dos familiares.
O líder da comunidade Waikiru, André Sateré, informou que a comunidade reúne 110 pessoas de 21 famílias, que são beneficiadas com as ações itinerantes, já que facilitam o acesso aos serviços de saúde.
“Tem sido importante para essa população, para se sentir valorizada e lembrada. Com o atendimento na comunidade, a gente economiza tempo, economiza na passagem e toda a família pode ser atendida”, afirmou André Sateré.
Em relação à campanha Janeiro Roxo, André Sateré também destaca a importância das orientações aos indígenas. “Normalmente, quando aparece alguém com um possível sintoma, a equipe entra com o acompanhamento e direciona para os exames. E por isso é importante orientar os indígenas que não conhecem muito sobre a doença”, declarou.
Com sintomas gripais, a artesã Valda Ferreira de Souza, 38 anos, participou da ação em busca de atendimento médico para ela e os filhos de seis e quatro anos, e reforçou que a estratégia das ações itinerantes realmente facilita o acesso dos povos indígenas aos serviços de saúde.
“Tem pessoas na comunidade que não têm condições de chegar a uma UBS, não têm condições de pagar a passagem e é muito longe para ir andando. No caso da hanseníase, eu não conheço muito, só ouvi falar, e é importante uma ação para divulgar, a gente precisa saber sobre a doença, saber quais os sintomas, até para procurar o médico”, apontou Valda Souza.
O médico Luiz Moreira, da equipe de Estratégia Saúde da família (ESF) da UBS Lindalva Damasceno, atendeu a comunidade indígena e destacou que a busca ativa de casos de hanseníase faz parte da rotina de atendimento de todas as Unidades de Saúde, inclusive durante as visitas domiciliares.
“Estamos sempre atentos a possíveis casos para diagnosticar precocemente a hanseníase, o que é essencial para o sucesso do tratamento, para evitar sequelas maiores e também reduzir o risco de transmissão para outras pessoas. Então, o diagnóstico precoce é bom não apenas para o paciente, mas para toda a população”, afirmou o médico.
Em 2023, o município de Manaus registrou 106 casos novos de hanseníase. Desse total, uma proporção de 17% apresentou grau 2 de incapacidade física, ou seja, já apresentavam sequelas no momento do diagnóstico.
Os sintomas da hanseníase incluem: manchas na pele esbranquiçadas, amarronzadas ou avermelhadas, em qualquer parte do corpo, com perda de sensibilidade ao calor, ao frio, a dor e ao tato, que são mais frequentes nos braços, pernas e costas, mas podem aparecer no corpo inteiro; sensação de fisgada, choque, dormência, câimbras e formigamento em algumas áreas dos braços, mãos, pernas ou pés; inchaço e dor nas mãos, pés e articulações; Diminuição do suor e dos pelos, principalmente nas sobrancelhas; e redução da força muscular, sobretudo nas mãos (dificuldade para segurar objetos) ou nos pés.
Foto – Artur Barbosa / Semsa