Blitz Amazônico
Amazonas

Estagiárias da Defensoria no Alto Rio Negro publicam pesquisas sobre a instituição em revista internacional

Trabalhos acadêmicos abordam a gestão de processos internos e a qualidade dos serviços jurídicos prestados na unidade da Defensoria em São Gabriel da Cachoeira

Três estagiárias da Defensoria Pública do Amazonas (DPE-AM) em São Gabriel da Cachoeira produziram artigos acadêmicos sobre o funcionamento da unidade como trabalhos de conclusão do curso (TCC) e publicaram os estudos na revista científica internacional IOSR Journals. As alunas do curso de Administração da Universidade do Estado do Amazonas (UEA) realizaram pesquisas sobre a gestão de processos internos e a qualidade dos serviços jurídicos prestados.

Adriana Cruz Moreira produziu o artigo “A Importância da Qualidade nos Serviços Jurídicos Prestados pela Defensoria Pública do Estado: Perspectivas e Desafios na Seção Alto Rio Negro em São Gabriel da Cachoeira/AM”.  

Já Simone Kelen da Silva Xavier e Yasmin Cordeiro Jurema produziram o artigo “Gestão de Processos Internos como Ferramenta de Eficiência Organizacional: Um Estudo na Defensoria Pública do Estado do Amazonas – Unidade Alto Rio Negro”.

O defensor Gabriel Coelho, coordenador da Defensoria Pública na região do Alto Rio Negro, conta que as estagiárias conversaram com ele sobre o interesse em desenvolver pesquisas dentro da unidade. “Eu fiquei muito feliz com essa iniciativa, porque era algo bom para elas e para a gente, uma vez que os trabalhos geraram diagnósticos e sugestões de formas como podemos melhorar o nosso atendimento”, observa.  

O coordenador ressalta que os resultados dos trabalhos revelaram que há uma avaliação positiva dos serviços prestados. “E a publicação internacional dos artigos demonstra a qualidade das estagiárias com que podemos contar na Defensoria Pública”, acrescenta.

Os trabalhos publicados

Sobre a pesquisa que fez (qualidade dos serviços jurídicos prestados), Adriana Cruz conta que compreendeu que “analisar a percepção dos usuários poderia contribuir para identificar pontos fortes e desafios”.

“Concluímos que, apesar das barreiras geográficas e culturais, os serviços são bem avaliados e reconhecidos pela população. Também verificamos que a Defensoria desempenha papel crucial na promoção da justiça no Alto Rio Negro, sendo vista como um serviço essencial e de qualidade”, afirma.

“No entanto, ainda há a necessidade de ampliar políticas inclusivas, capacitação intercultural e estratégias de comunicação adaptadas à realidade local”, pontua.

Simone Kelen, que encerrou o estágio no último dia 15, após dois anos (contrato) e cinco meses (voluntário) atuando na instituição, teve a ideia de produzir o estudo que publicou com Yasmin Cordeiro sobre a gestão dos processos internos. “A escolha do tema se deu pela vivência na Defensoria, eu no final do estágio e a Yasmin entrando”, relembra.

Durante o período estagiando, ela encontrou possibilidades de melhoria no fluxo de atividades da unidade de São Gabriel e resolveu produzir o seu TCC nesse sentido, convidando Yasmin, e mais um colega da UEA para desenvolver o estudo. Como conclusão, o trabalho acadêmico sugere a elaboração de um manual de procedimentos internos.

“Na minha reta final do estágio, treinei duas estagiárias novas que entraram e, com toda certeza, posso concluir que um manual de procedimentos internos ajudaria muito aqueles que ingressarem na Defensoria em São Gabriel, independentemente do cargo, visto que é uma unidade que atende em sua maioria assistidos indígenas e que vem aumentando cada vez mais a demanda”, destaca.

Yasmin, que continua estagiando na Defensoria, afirma que a falta de procedimentos padronizados nas instituições desacelera o trabalho dos colaboradores e diminui a qualidade do atendimento prestado. “Uma simples falta de treinamento pode gerar retrabalho futuramente ou entendimentos equivocados pelos usuários e pelos próprios servidores”.

Ela diz que a pesquisa pode ajudar na melhoria da padronização da normatização de outras unidades da Defensoria Pública, para que haja eficiência e eficácia nos serviços.

O defensor Gabriel Coelho disse que as sugestões dos estudos para otimizar e aperfeiçoar os serviços já estão sendo avaliadas e devem ser implementadas na unidade de São Gabriel da Cachoeira.

Acesse os trabalhos na íntegra:

https://www.iosrjournals.org/iosr-jbm/papers/Vol27-issue6/Ser-8/E2706085068.pdf
https://www.iosrjournals.org/iosr-jbm/papers/Vol27-issue6/Ser-10/E2706104356.pdf

Exemplos de empenho e dedicação

Gabriel Coelho enfatiza que as três estudantes “sempre foram estagiárias muito comprometidas em aprender e em cumprir as tarefas, além de terem se identificado com a instituição, tanto que resolveram fazer a pesquisa dentro da unidade”.

Simone Kelen relembra que, quando se inscreveu para o processo seletivo do estágio, não compreendia bem o papel da Defensoria Pública. “Na prática, ao iniciar o estágio, foi que percebi o quão importante a Defensoria é”.

“A doutora Isabela Sales, que na época era coordenadora, disse uma vez ‘a gente entra de um jeito e sai de outro’. Eu entrei com medo, sem saber que mudaria a vida de tantas pessoas, que muitas das vezes viam a Defensoria como a última esperança em resolver seus casos. Saí com a sensação de dever cumprido, sabendo que tudo que eu podia fazer pelos meus assistidos eu fiz. Sou grata por tudo que aprendi lá, a Simone que deixou a Defensoria saiu mais forte e corajosa para a vida”, relata.

Adriana Cruz conta que a aprovação do TCC “foi uma sensação indescritível de conquista e gratidão”. “A aprovação já representava a realização de um sonho, mas ver o trabalho publicado em uma revista científica internacional trouxe ainda mais orgulho, pois significa contribuir para a valorização da Defensoria Pública e dar visibilidade à realidade da nossa região”, afirma.

A graduanda diz que não há palavras para descrever a emoção de ver que o estágio proporcionou a realização de um estudo que foi capaz de superar fronteiras.  

Ela afirma que o estágio na Defensoria está sendo uma experiência transformadora. “Pude vivenciar na prática como a Defensoria atua e perceber a relevância do trabalho para quem mais precisa. Guardo como lembrança o compromisso da instituição com a justiça social e o aprendizado sobre a importância de um atendimento humanizado, sensível às diferentes culturas e às realidades locais. Está sendo um período que ficará marcado tanto na minha formação acadêmica quanto pessoal”, finaliza Adriana.

Texto: Luciano Falbo

Foto: Divulgação/DPE-AM

Post Relacionado

Amazonas lidera ranking de apreensões de drogas na região Norte, apontam dados do Ministério da Justiça e Segurança Pública

EDI FARIAS

Adaf apreende carregamento irregular de frutas no Porto de Parintins

EDI FARIAS

Obras do ‘Nosso Centro’ têm autorização do Iphan para acompanhamento arqueológico

victoria Farias