Diz o sábio ditado popular que “De boas intenções o inferno está cheio”, junte-se a isso um programa de TV líder de audiência, o povo sofrido de uma grande capital brasileira que precisa de ajuda e a solidariedade da população que sempre está disposta a ajudar quem mais precisa.
Esses eram os ingredientes do quadro exibido diariamente pela Record Bahia/TV Itapoan que apresentava casos comoventes de gente humilde que precisa de ajuda e o telespectador tinha a oportunidade de atenuar o sofrimento alheio por meio de doações realizadas por intermédio de um PIX que deveria ser destinado inicialmente à emissora do bispo Edir Macedo.
Tudo parecia transcorrer em plena normalidade até que no início do mês passado caiu como uma bomba a denúncia do suposto envolvimento do conhecido repórter policial Marcelo Castro e o editor-chefe do Balanço Geral, Jamerson Oliveira de comandarem um esquema de desvio de parte das doações realizadas por telespectadores para pessoas humildes, no qual o drama desses personagens eram apresentadas no programa comandado pelo apresentador Zé Eduardo.
Na última sexta-feira, dia 31, quando os profissionais retornaram de férias, seguiram diretamente para o RH da empresa que comunicou a decisão pela demissão dos dois. O início de todo esse escândalo partiu do staff que cuida da carreira do jogador Anderson Talisca, ex-jogador do Bahia e que atualmente está no Al-Nassr, da Arábia Saudita, que mantiveram contato com familiares de uma criança com câncer para saber se haviam recebido a doação no valor de R$ 70 mil, feito pelo atleta para ajudar no tratamento. Para surpresa de todos, a resposta negativa.
Segundo informações da Polícia Civil, funcionários da empresa teriam desviado cerca de R$ 800 mil em doações. Os valores, contudo, eram transferidos para a conta de terceiros. No total, a Delegacia de Repressão aos Crimes de Estelionato por Meio Eletrônico (DreofCiber) investiga 15 supostos casos. Além de Jamerson Oliveira e Marcelo Castro, que tinha um padrão de vida fora da realidade e fazia questão de exibir essa realidade nas suas redes sociais, outros funcionários da Record Bahia e pessoas que cederam Pix para as transações também são alvos do inquérito.
Ainda segundo a DreofCiber foi realizada uma minuciosa varredura nos perfis virtuais dos suspeitos. Simultaneamente está sendo analisado as transações bancárias que chamara a atenção dos investigadores, além da perícia em três aparelhos celulares apreendidos por ordem judicial. Até que todo inquérito seja finalizado, a polícia manterá em sigilo os nomes, provas e valores ligados ao caso que ficou conhecido como “escândalo do PIX”.
