Blitz Amazônico
Amazonas

DPE-AM lança o projeto ‘Mãe-Terra’, que busca a regularização fundiária para povos tradicionais

Comunidade na Zona Norte de Manaus com 1.500 famílias indígenas é a primeira a ser atendida pela iniciativa da Defensoria do Amazonas

A Defensoria Pública do Amazonas (DPE-AM) deu início às atividades do projeto “Mãe-Terra”, desenvolvido por meio do Núcleo de Moradia e Atendimento Fundiário (Numaf), que busca regularização fundiária de povos tradicionais em Manaus. A iniciativa inclui um cronograma de atendimentos exclusivos para povos originários e residentes tradicionais em áreas urbanas ou rurais da capital.

O trabalho começou com o processo de regularização fundiária de uma comunidade indígena localizada no bairro Monte das Oliveiras, na Zona Norte de Manaus. A comunidade abrange 1.500 famílias da etnia Mura que ainda não têm o título de posse e propriedade das casas onde moram e enfrentam sérias dificuldades para acesso aos serviços públicos.

Na visita realizada no início da semana, acompanhada pela Associação Raimundo Mura, a equipe técnica da Defensoria Pública coletou as informações possíveis para dar andamento nos pedidos de Título de Posse e Propriedade de cada uma das casas. Foram coletados dados de particulares e documentos que comprovam residência, como contas de luz, água e compras de materiais de construção.

“A regularização fundiária para os povos indígenas é fundamental, porque, em primeiro lugar, é a realização da justiça socioespacial em favor daqueles que foram expulsos de suas terras pela colonização portuguesa. Em segundo lugar, por tornar o morador proprietário, valorizar o imóvel, permitir o financiamento bancário, acesso a crédito, além de movimentar a economia da cidade”, ressaltou o defensor Thiago Rosas, coordenador do Numaf.

Sobre o projeto

O projeto “Mãe Terra” foi idealizado a partir da grande demanda dos grupos originários para a regularização fundiária. De acordo com o Censo de 2022, Manaus é uma capital com maior número de indígenas no país, com 34 etnias vivendo em contexto urbano e a maioria vive sem título de posse, enfrentando, assim, a precarização de serviços públicos.

“Nós abrimos uma fila específica para dar vazão a atendimentos essess. Além dos atendimentos cotidianos, realizamos quatro agendamentos por dia, 12 por semana, somente para povos indígenas e para os tradicionais no Numaf”, explicou o defensor.

Também já estão agendadas, a cada mês, até dezembro, duas visitas às comunidades tradicionais para a coleta de informações e documentos.

Apoio especializado

O projeto tem o apoio do Núcleo Especializado na Defesa dos Direitos dos Povos Indígenas e Comunidades Tradicionais (NUDCIT) da Defensoria do Amazonas.

Coordenadora do núcleo, a defensora Daniele Fernandes ressaltou que a “Mãe Terra” garante um direito essencial à população indígena, que tem legislação própria para o assunto. Contudo, o projeto se torna ainda mais fundamental para comunidades tradicionais.

“Para as comunidades tradicionais, como ribeirinhas e extrativistas, a situação de vulnerabilidade jurídica é ainda mais agravada, pela falta de um arcabouço jurídico consolidado para a regularização e proteção de seus territórios. Há, na cidade de Manaus, locais como o Tarumã, que vem sofrer criminalização quanto ao seu modo de vida tradicional e manutenção de sua posse”, disse.

Foto: Divulgação/ DPE-AM

Post Relacionado

Idosos do CECF 31 de Março participam de passeio imersivo ao Museu da Amazônia

EDI FARIAS

Em Tabatinga, Idam investe no banco de sementes de mandioca em parceria com Ifam

EDI FARIAS

Manaquiri: Projeto assistido pelo IDAM visa alcançar uma produção de 30 toneladas de goiaba neste ano

EDI FARIAS