* Psicopedagoga Luciana Brites, CEO do Instituto Neurosaber
Todos nós nos deparamos com momentos ou situações em que ficamos entediados. Com as crianças não é diferente. Nesse contexto, os pais podem entender o tédio como algo negativo, tendo em vista a rotina corrida e a perspectiva de que o nosso dia a dia deve ser produtivo. Entretanto, o tédio pode ajudar no desenvolvimento infantil.
Os momentos tediosos podem ser benéficos para a criança, pois o tédio estimula a criatividade e imaginação. Quando os pequenos estão entediados ou não possuem uma companhia para brincar, eles são naturalmente estimulados a usar a imaginação e criatividade para encontrar meios de se divertirem.
Durante esse momento de nada para fazer, os pequenos desenvolvem habilidades em resolver problemas. Quando são expostos a situações difíceis, eles esperam que seus responsáveis resolvam a situação. Durante o tédio, ele pode desenvolver a habilidade de resolver problemas, pois ele terá que confiar em si mesmo para enfrentar o desafio do tédio e isso poderá ser aplicado em futuras questões rotineiras.
Além disso, o tédio pode aumentar a confiança do seu filho, pois ele tem a oportunidade de criar e imaginar coisas novas. Quando ele percebe que foi capaz de desenvolver sozinho alguma atividade para distraí-lo, ficará feliz consigo mesmo e terá sua autoestima aumentada.
Além disso, melhora a saúde mental. Geralmente, as pessoas estão tão ocupadas e sempre produzindo ou trabalhando em algo, que resta pouco tempo para ficarem quietas ou simplesmente deixarem os pensamentos fluírem. O tempo para o indivíduo pensar e refletir é fundamental para que ele se conheça melhor e para a manutenção de sua saúde mental.
É comum que os pais procurem atividades para entreter os pequenos, mas é benéfico que eles tenham espaços de tempo para imaginarem e criarem formas de se divertirem. Os pais podem incentivá-los a usar a criatividade. Por exemplo, pode sugerir uma brincadeira de caça ao tesouro. Além disso, disponibilize brinquedos não tecnológicos. Brinquedos que não possuem tecnologia estimulam mais a criatividade.
Seja um bom exemplo para seu filho. Não adianta cobrar dele algo que você mesmo não faz, portanto, é imprescindível que você seja um bom exemplo, pois assim será mais fácil que ele compreenda suas condutas. E se possível estimule o contato com outras crianças. Incentive-o a fazer amizades e brincar com elas, pois isso será fundamental para desenvolver um sentimento de pertencimento nele.
(*) Luciana Brites é CEO do Instituto NeuroSaber (https://institutoneurosaber.com.br/), autora de livros sobre educação e transtornos de aprendizagem, pedagoga, palestrante, especialista em Educação Especial na área de Deficiência Mental e Psicopedagogia Clínica e Institucional pela UniFil Londrina e em Psicomotricidade pelo Instituto Superior de Educação ISPE-GAE São Paulo, além de ser Mestra e Doutoranda em Distúrbios do Desenvolvimento pelo Mackenzie.