A guerra iniciada no sábado (7) pelo grupo terrorista Hamas contra o Estado de Israel chega a seu quarto dia com um impasse que pode ter consequências devastadoras para os dois lados e aumentar o número de mortes.
Os terroristas islâmicos capturaram cerca de 150 reféns, que se encontram espalhados pelos 365 quilômetros quadrados da Faixa de Gaza e estão sendo usados como moeda de troca pelos integrantes do Hamas.
O porta-voz do Hamas, Abu Obeida, disse que o grupo matará um civil israelense que foi feito prisioneiro e refém toda vez que Israel atacar civis nas suas casas em Gaza “sem aviso prévio”.
O ministro das Relações Exteriores de Israel, Eli Cohen, alertou o Hamas contra ferir qualquer um dos reféns, dizendo que “esse crime de guerra não será perdoado”.
Em pronunciamento, o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, disse que o “Hamas queria uma guerra e a terá”. Ele disse ainda que os israelenses estão “travando uma guerra por sua existência”, e que esse “é só o começo”.
As declarações evidenciam que um ataque por terra contra a Faixa de Gaza é um dos cenários possíveis e até mesmo o mais provável na guerra entre Israel e os terroristas do Hamas.
Gaza tem uma área relativamente pequena — com 365 quilômetros quadrados, o enclave palestino é um pouco maior que a cidade de Guarulhos, na Grande São Paulo, com 318 quilômetros quadrados. Em tese, Israel tem superioridade militar para invadir a região.
Na prática, há outras dificuldades. Gaza é densamente povoada: há 2,3 milhões de pessoas vivendo na região. Além disso, ruas estreitas e numerosos prédios enfileirados e uma rede de túneis subterrâneos podem tornar um pesadelo qualquer missão de resgate.
“Confrontos urbanos exigem combates corpo a corpo, reduzem a visibilidade, multiplicam as armadilhas, turvam a distinção entre civis e militares e tornam praticamente inúteis os veículos blindados”, afirma Andrew Galer, ex-oficial britânico, agora analista da empresa de inteligência Janes.
Ele descreve Gaza como um “campo de batalha de 360 graus onde a ameaça está por toda parte”, dos bueiros aos telhados. Qualquer erro de estratégia pode fazer com que mais civis, israelenses e palestinos, sejam mortos.
“A sociedade israelense não perdoará se a vida dos reféns não for prioridade”, e o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu “sabe disso perfeitamente”, observa Sylvaine Bulle, especialista em Israel do Centro Nacional de Pesquisa Científica (CNRS), com sede na França.
O número de baixas, aliás, deve aumentar. No fim da segunda-feira (9), mais cem mortos foram encontrados em um kibutz de Israel, elevando o número de baixas israelenses a 900 — segundo o grupo de socorristas voluntários Zaka, o número pode ser maior. Em Gaza, a contagem de mortos se aproxima de 700.
*Metrópoles