Artigo de Opinão
Como psicóloga e como mulher, não posso silenciar diante da infeliz fala de uma representante política que afirmou que “a mulher tem que apanhar mesmo”. Essa frase não é apenas inadequada — ela perpetua um ciclo de violência que destrói vidas, fere famílias e alimenta gerações de traumas.
Freud dizia: “As emoções não expressas nunca morrem. Elas são enterradas vivas e sairão mais tarde de formas piores.” A violência física, emocional e psicológica deixa marcas que o corpo e a mente carregam por toda a vida.
É exatamente isso que encontro todos os dias em meu consultório: mulheres que buscam se reconstruir depois de experiências dolorosas de abuso. Algumas encontram recursos internos e externos para ressignificar sua história, mas muitas outras não têm essa chance.
Ao validar a agressão, negamos a possibilidade de cura e reforçamos estruturas que mantêm as mulheres presas ao medo e à dor. Como disse Simone de Beauvoir:
“Basta uma crise política, econômica ou religiosa para que os direitos das mulheres sejam questionados.” Não podemos aceitar retrocessos.
Defender a vida, a dignidade e a liberdade das mulheres é não só um dever ético da psicologia, mas um compromisso social. Reafirmo com toda clareza: nenhuma mulher merece violência. Nenhuma mulher merece ser silenciada. Toda mulher merece ser respeitada, acolhida e ouvida.
Adelana Araújo Alves
Psicóloga – CRP 20/12831