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Marca coletiva de comunidades amazônicas terá registro nacional

“O povo ribeirinho é aquele que cuida da floresta, dos animais e que vive e sobrevive da natureza, por isso ter esse reconhecimento é algo que gera muita gratidão”. A declaração de Elizângela Cavalcante, líder do Grupo de Trabalho do plano de manejo da associação da RDS do Uatumã e gestora da movelaria localizada na RDS, reflete o sentimento em saber que a Inatú Amazônia® avançou mais uma etapa no processo de segurança jurídica, com a obtenção do registro no INPI (Instituto Nacional da Propriedade Industrial). No contexto comunitário, essa aprovação é a garantia de que o cliente possa comprar de um comércio justo, com mais credibilidade. O processo durou cerca de três anos para ser concluído. A partir de agora, o novo selo poderá ser utilizado nas divulgações dos produtos da marca.

De acordo com André Vianna, diretor técnico do Idesam, o registro oferece segurança para a iniciativa ao garantir o uso do nome, que agrega valor à rede de atuação nas cadeias produtivas. “Isso faz parte de uma estratégia maior, que tanto abrange uma tecnologia social, quanto a criação de um futuro CNPJ. Superamos vários entraves em um processo que caracterizou um conjunto de ações e metodologias de como a gente trabalha. Faz parte do processo de desenvolvimento de tecnologias e soluções”, pontuou.

“Além de dar mais segurança para o cliente na hora de comprar os produtos, os comunitários também podem ter a garantia que estão fazendo parte de um processo duradouro e contínuo, não de um projeto específico e pontual. Para eles, é bom ter uma segurança de perspectivas e continuidade”, frisou Vianna.

A relação com o consumidor final é fortalecida pela credibilidade e uma atuação no mercado mais profissional. É o que enfatiza Louise Lauschner, especialista em cadeias da sociobiodiversidade da Inatú Amazônia®. “Quando trazemos isso para uma marca coletiva, o registro de marca é a garantia de que o cliente está comprando um produto de comércio justo, com rastreabilidade e que o lucro fica nas comunidades”, disse.

Comunitários comemoram a conquista

Para a comunitária Elizângela Cavalcante, a iniciativa trouxe oportunidades de renda para os ribeirinhos que vivem na floresta e o selo conquistado junto ao INPI também faz parte desse processo. “A marca coletiva trouxe para gente a oportunidade de divulgar e conhecer o trabalho das outras reservas, compartilhar e pra gente dá orgulho dizer que fazemos parte da marca Inatú Amazônia® porque com ela a gente se identifica. É uma marca de ribeirinhos, de artesões ribeirinhos, de pessoas que preservam a floresta, mas que geram renda também”, disse ela.

Ela acredita que o reconhecimento como a garantia do registro nacional e também do selo internacional FSC® é algo motivador e significativo para a comunidade. “O reconhecimento significa mais orgulho, orgulho de ser ribeirinho, orgulho de fazer as coisas certas, orgulho de acreditar que o futuro vai ser melhor para essa geração que está vindo. Para a gente se desenvolver, a gente precisa dar as mãos, então veio a Inatú Amazônia® e para garantir essa união, veio as certificações dos nossos produtos madeireiros e não – madeireiros. Nosso sonho é que a comunidade se desenvolva, pois, a natureza é perfeita, ela dá o alimento e dá o sustento, só precisamos saber como trabalhar”, lembrou.

Elizângela considera ainda que isso vai estreitar as conexões de compra também com os clientes. “Quando o cliente vem e segura na mão os trabalhos que nós produzimos é algo gratificante. Lembro de uma cliente que mostrou uma peça que fui eu quem produziu e disse que divulgaria porque sabia quem tinha produzido. São essas coisas que geram gratificação, agrega para você outro valor, o valor sentimental. O que faço é o que eu quero, o cliente não precisa comprar só uma peça, ele precisa voltar mais vezes e isso ajuda muito no nosso trabalho”, contou ela.

A gestora da movelaria enalteceu ainda a parceria com o Idesam. “Eu enxergo a parceria com muita intimidade. Os laços do Idesam fortalecem nosso trabalho, como é gostoso trabalhar com quem a gente gosta. A equipe sempre vem com alguma coisa nova para melhorar, vejo que eles sempre querem ajudar. E nós acreditamos no trabalho do Idesam, saber que estamos com a instituição certa, isso nos deixa motivados a continuar trabalhando. Poder ter orientação, assessoria técnica até para usar as máquinas. Levamos nosso produto da movelaria, da agricultura, do extrativismo, produtos que não existiam no mercado e hoje agora tem aqui, graças a cada um colaborador do Idesam que chega aqui e nos apoia”, completou.

Tecnologia Social

A Inatú Amazônia® é uma tecnologia social e marca coletiva que oferece um conjunto de processos de assessoria técnica e de gestão a cadeias produtivas florestais para gerar conservação florestal, maior retorno financeiro para as famílias extrativistas, além de aumentar a participação de produtos da sociobiodiversidade no mercado. “Ela é um conjunto de processos que desenvolvemos junto com associações, comunidades e cooperativas no interior do Amazonas. O objetivo é gerar cadeias de valor para gerar conservação e melhoria da qualidade de vida na Amazônia para que as pessoas possam gerar renda, se manter no território e preservar a floresta”, afirmou André Vianna.

Os ganhos são coletivos: fomento florestal, o suporte tecnológico, capacitação, intercâmbio e certificação às comunidades. Hoje, a Inatú Amazônia® opera em 2,5 milhões de hectares na Amazônia, com cinco organizações sociais, 3 usinas de óleos vegetais, 2 planos de manejo florestal comunitário e 1 movelaria familiar. Além disso, a iniciativa conta com mais 873 famílias beneficiadas, sendo 434 mulheres. Possui atuação nos municípios de São Sebastião do Uatumã, Apuí e Lábrea, no interior do Amazonas.

A marca conta com parceria da Associação de Agroextrativistas da RDS Uatumã, APADRIT, APFOV (Ouro Verde), ASAGA e ASPACS.

Fotos: Renato Stockler/Folha de São Paulo

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